O Dono do Mundo

Período: Maio de 1991 - Janeiro de 1992

Autor: Gilberto Braga

Capítulos: 197

Novela das Oito (20h)

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Felipe Barreto (Antonio Fagundes) é um cirurgião plástico bem-sucedido, casado com Stella (Gloria Pires), e que, no dia do casamento de seu funcionário Walter (Tadeu Aguiar), aposta com um amigo que levará para a cama a noiva virgem, Márcia (Malu Mader), antes do marido. Ele presenteia o casal com uma viagem de lua de mel ao Canadá e vai junto, sob a alegação de que viaja a negócios. O médico consegue afastar Walter do hotel e seduz Márcia, concretizando seu plano. Desesperado ao flagrar a mulher nos braços do patrão, Walter sai de carro e sofre um acidente fatal. Márcia começa a novela como uma moça vital, sorridente, ainda um pouco criançola. Nunca pensou muito em sexo, nem mesmo em amor. Quem lhe aponta estas particularidades é sua vizinha e amiga Taís (Letícia Sabatella), a moça mais livre da rua onde moram, num subúrbio carioca. Nanci (Ana Rosa), tia de Márcia, por quem ela foi criada após a morte prematura dos pais, nunca viu com bons olhos a amizade entre Márcia e Taís, mas acha que tem pouco a temer, já que Márcia está de casamento marcado com o vizinho Walter, a quem considera um rapaz exemplar. Márcia e Walter se conheceram adolescentes, namoraram por uns três anos e ficaram noivos. Márcia gosta do noivo, e a única pessoa em seu reduzido círculo de amizades que não vê neste casamento caminho certo para a felicidade é Taís, que acha Walter um bom rapaz, apaixonado por sua amiga, mas tem certeza de que isso não é o suficiente para que Márcia seja feliz. Taís considera a amiga muito infantil, desligada de valores essenciais para se tornar uma mulher realizada. Intui que Márcia não é realmente apaixonada pelo noivo, mas aceitou a corte que ele lhe fez por comodismo e total inexperiência. Com efeito, Márcia conhece pouquíssimo da vida. Quando terminou os estudos de segundo grau e sentiu vontade de trabalhar, a madrinha Nanci logo lhe arrumou uma colocação numa creche em Jacarepaguá. No trabalho, Márcia é a alegria das crianças, a quem dá muito carinho, divertindo-se como se fosse uma delas. Às vezes, este amor por crianças faz com que Márcia tenha vontade de estudar pedagogia. Walter, seu noivo, a influencia para que ela não se torne uma profissional. Se gosta de crianças, tem que ser, antes de mais nada, mãe de família, pelo menos enquanto tiverem filhos pequenos, para poder se dedicar integralmente à sua educação. Quando Taís lhe pergunta, às vésperas do casamento, se ela ama o noivo, Márcia, sempre muito honesta e pura, só sabe responder que gosta dele, que se sente protegida ao seu lado, e não imagina o que mais possa desejar uma mulher. Apesar de jovem, Taís é bastante vivida e sabe que uma mulher pode e deve desejar muito mais. Ela sabe que Márcia vai fazer um casamento cômodo porque não conhece a vida, e que está se deixando influenciar totalmente por um noivo muito convencional. Os acontecimentos provam que Taís estava certa. Rejeitada por todos, Márcia conta a Felipe que espera um filho seu, ouve dele que tudo não passou de uma aposta, e que o melhor seria ela fazer um aborto. Algum tempo depois, ela perde o bebê. Furiosa, a jovem vai à clínica do médico e corta seu rosto com um bisturi, numa das cenas mais fortes da novela. Márcia decide se vingar e encontra apoio na cafetina de luxo Olga Portela (Fernanda Montenegro), que a ajuda a colocar Felipe na cadeia. No entanto, ela não consegue evitar a paixão que ainda sente pelo cirurgião. Em determinado momento da trama, rebaixado por suas perdas, o vilão Felipe se transforma em um médico abnegado, que dá plantão em clínicas e hospitais de bairros pobres. Márcia chega a se envolver novamente com ele, preterindo o amor de dois homens que poderiam fazê-la feliz: Herculano (Stênio Garcia) e Otávio (Paulo Gorgulho). Nos capítulos finais da novela, porém, revela-se que a mudança de caráter de Felipe não passa de uma farsa. Márcia rompe novamente com o vilão e conhece Rubens (Dennis Carvalho), a quem decide dar uma chance. Felipe, por sua vez, conhece uma bela jovem durante um vernissage e fica sabendo que se trata da filha de um rico fazendeiro. O cirurgião usa novamente seu poder de sedução e conquista a moça, deixando claro que continua o mesmo cafajeste de sempre. 

Paralelo à trama destacam-se os personagens que vivem em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro, como o motorista de táxi Vicente (Cláudio Corrêa e Castro), pai de Taís (Letícia Sabatella) – melhor amiga de Márcia –, e Nancy (Ana Rosa), tia de Márcia e mãe de Umberto (Marcelo Serrado) e Guilherme, o Beija-Flor (Ângelo Antônio). A história de amor de Taís e Guilherme é a principal trama paralela da novela. Mas ela se prostitui para ascender socialmente, e ele, que no início da história se envolvia com marginais, transforma-se em ícone da honestidade. Outra trama de destaque envolve Stella (Gloria Pires), que, carente e desiludida com seu casamento com Felipe (Antonio Fagundes), apaixona-se pelo jornalista Rodolfo (Kadu Moliterno), viúvo e pai de Paulinho (Jonathan Nogueira).

Olga Portela (Fernanda Montenegro) vive há muitos anos uma vida de grande luxo, sem ser rica em absoluto. Mora bem, numa cobertura alugada. Viaja muito, é badalada, mundana. Todo relações públicas a tem como figura de proa em sua lista de convidados para eventos sociais. Aparentemente, Olga vive da profissão de marchand: compra, vende e troca quadros, tapetes e obras de arte. Algumas contrabandeadas, porque sempre teve grande influência nos meios políticos. Ela ajuda mocinhas atraentes e, eventualmente, rapazes que considere talentosos, interessantes, pessoas que, no seu entender, mereçam subir na vida. Olga, na verdade, promove encontros. Em seu apartamento, especialmente nos finais de tarde, muitos homens de negócios sabem que podem encontrar companhia feminina interessante. Se Olga sabe, por exemplo, que um determinado empresário, conhecido seu, interessou-se por uma moça que viu em alguma boate, dá um jeito de, diante do empresário, dizer que “posso lhe apresentar a fulana, acho que ela vai simpatizar muito com você!” Para tal, é preciso que ela dê um jantar em homenagem a sicrano. Para dar o jantar, ela deixa escapar que precisa trocar os estofados de seus sofás, que não tem meios para arcar com as despesas da festa, e assim, com uma simples apresentação, Olga reforma a casa e ainda garante uísque para uma boa quinzena de badalação. Dependendo do nível da moça que conta com o seu apoio, Olga pode simplesmente conseguir uma boa companhia de fim de semana para um industrial ou promover casamentos. Quando junta um casal, está sempre certa de que não está prejudicando ninguém, muito pelo contrário: arruma companhia para um homem eventualmente sem charme, e proporciona as boas coisas da vida a mocinhas que não tiveram a sorte de nascerem ricas. Quem com ela simpatiza, quando o assunto vem à baila, a chamaria de matchmaker. Boa gente, sempre disposta a ajudar a quem precisa, especialmente os menos favorecidos pela fortuna, Olga é simpaticíssima e envolvente, mas uma pessoa completamente amoral. Ao longo da trama, entra em cena o jovem herdeiro William (Antonio Calloni), indeciso entre morar no Brasil ou em Portugal, após a morte súbita do pai. Seu sonho é encontrar uma moça desinteressada de sua grande fortuna. Ele acha a maioria das brasileiras muito ligadas em dinheiro, e com temperamento forte demais. As moças portuguesas lhe parecem menos modernas, mais românticas. William confessa a Olga que só não deixaria o Brasil caso acontecesse o milagre de uma moça atraente se apaixonar por ele sem interesse. Olga, naturalmente, faz com que este milagre se concretize, instruindo Taís (Letícia Sabatella) numa campanha para agarrar o ingênuo e patético milionário. 




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